sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Sol da justiça

"O povo que caminhava em trevas viu uma grande luz" (Isaías 9.2)

Essa é uma mensagem de natal. A minha mensagem de Natal.
Eu sei que o Natal já passou, mas como Jesus não nasceu em dezembro mesmo, não faz diferença. Sim, Jesus não nasceu em dezembro. Belém, na Judéia, fica no hemisfério norte, portanto, em dezembro é inverno, ao contrário do Brasil, onde é verão...
A região da Judéia tem clima desértico: calor de dia, frio à noite. No inverno, o frio se intensifica, logo, quem seriam os pastores loucos que poriam o rebanho a perder pernoitanto ao relento no meio do deserto? Por causa disso, conclui-se que Jesus nasceu entre abril e setembro, pois é quando o clima seria propício a uma aventura na madrugada.
A data de 25 de dezembro se deve à influência pagã. Com a cristianização de Roma, muitos costumes e tradições foram abraçados pelo cristianismo, inclusive uma data para o nascimento de Jesus.
A data de 25 de dezembro era o dia do Deus Sol. Há alguma relação com a duração do dia... O cristianismo apresenta na pessoa de Jesus o Sol da Justiça, a luz que brilha e não se apaga, a luz do mundo que tira as pessoas das trevas.
Não importa que a data seja adaptada a partir do paganismo, não importa que seja a data errada, o importante é lembrar e saber que Deus demonstrou amor pela humanidade ao enviar seu único filho, para nos resgatar das trevas e nos conduzir à sua luz.

sábado, 22 de dezembro de 2007

Decisão de aniversário

Alguns povos africanos consideram que é uma fixação estúpida essa que os "brancos"(leia-se "todos os povos ocidentais") têm de medir o tempo de vida em anos.
Numa tentativa de ironizar esse pensamento, o escritor Abdulai Sila descreve, no romance A última tragédia, o pensamento de uma mocinha que não compreendia por que sua patroa queria descobrir a idade dela. Ela diz em seu pensamento que se nasce, se é criança, quando chega o tempo de casar, se casa; quando chega o tempo de ter filhos, se os tem; e quando chega o tempo de envelhecer e morrer, isso acontece. Simples não é?
Talvez a vida fosse mais simples se não contassemos o tempo.
Mario Quintana, por sua vez, diz que "Bendito quem inventou o belo truque do calendário, pois o bom da segunda-feira, do dia 1º do mês e de cada ano novo é que nos dão a impressão de que a vida não continua, mas apenas recomeça..."
Entre duas noções tão distintas, percebi que é extremamente difícil mudar o arraigado pensamento do recomeço. Então, fiz uma resolução de aniversário:
Estou fazendo 18 anos pela segunda vez!
Eu não me sinto com a minha idade verdadeira, aliás, o que é uma "idade verdadeira"? Será que é a que temos na mente, na alma, no corpo ou nos documentos? Será que é a que o espelho nos oferece?
Querer fazer 18 anos novamente não tem nada a ver com uma suposta síndrome de Peter Pan, não é medo de crescer (acho que encaro a vida adulta muito bem); mas, quem sabe, seja o desejo de reviver algumas situações com a mente de quem já viveu alguns anos a mais, para, talvez, fazer as escolhas certas, desfrutar um pouco mais, ter mais cuidado com as pessoas e menos cuidado com as coisas. Sei lá...
Seria legal ter de novo a sensação angustiante de pensar que a vida termina aos 20, que uma semana é uma eternidade e que esperar é uma tarefa completamente impossível.
Que saudade! Era tão bom!
Neste aniversário, em que estive desanimada demais para comemorar, meu único desejo é o mesmo de Moisés, que, no fim da vida, escreveu:
"Ensina-nos a contar os nossos dias de maneira tal que alcancemos corações sábios"
(Salmo 90. 12)

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Misericórdia???

Todavia, lembro-me também do que pode me dar esperança: Graças ao grande amor do SENHOR é que não somos consumidos, pois as suas misericórdias são inesgotáveis. Renovam-se cada manhã; grande é a sua fidelidade! Digo a mim mesmo: A minha porção é o SENHOR; portanto, nele porei a minha esperança. O SENHOR é bom para com aqueles cuja esperança está nele, para com aqueles que o buscam; é bom esperar tranqüilo pela salvação do SENHOR. (Lamentações de Jeremias 3. 21-26 NVI)
Na releitura do Velho Testamento, deparei-me com Lamentações de Jeremias... Continuo descobrindo porque Jeremias ficou conhecido como profeta chorão...
O ponto alto e mais conhecido do livro são os versículos acima, principalmente o versículo 22, que também pode ser encontrado assim: "As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim." Esse texto é lindo, não é? É extremamente reconfortante saber que o Senhor tem misericórdia de nós, que Ele é a nossa porção, que Ele é bom, que Ele nos salva. Mas quem disse isso e quando?
Jeremias não estava muito bem e não estava vendo as bênçãos de Deus caindo do céu sobre ele. O capítulo anterior do livro apresenta uma situação alarmante: as habitações e os muros da cidade haviam sido destruídos, os profetas já não conseguiam receber visões do Senhor, não havia comida e, por isso, as mães comiam os próprios filhos, o profeta chega ao ponto de dizer: "O SENHOR é como um inimigo; ele tem devorado Israel" (Lamentações 2. 5NVI).
Contudo, a situação em que Israel se encontrava era fruto de suas próprias atitudes e não culpa de Deus. Culpar Deus por essa situação é o mesmo que dizer que Deus é culpado pelo fato de um aluno que não estudou durante o ano não ter sido aprovado para a série subseqüente. A retenção foi conseqüência da atitude de um ano todo e não falta da bênção de Deus.
Olhar para um panorama como esse e crer que Deus não o abandonou é o que Jeremias faz de extraordinário. Mesmo sendo culpa do próprio povo, o profeta poderia dizer que Deus poderia ter sido mais "bonzinho" com eles.
Ao invés disso, Jeremias afirma que as misericórdias do Senhor são a causa de eles não serem consumidos. Deus tinha o direito de tê-los punido mais severamente. Deus poderia tê-los exterminado. Poderia criar um novo povo para si. Mas preferiu poupar alguns. Porque Deus não é justo, é misericordioso.
O salário do pecado é a morte. Eles mereciam a morte e eu mereço a morte, mas Deus é misericordioso. Suas misericórdias não têm fim, renovam-se a cada manhã.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Ordens absurdas

Na semana passada, terminei de reler Jeremias e descobri porque ele é chamado de "Profeta Chorão", na verdade, entendi a razão do choro dele. Um dos momentos em que ele teve boas razões para chorar foi o episódio que está relatado em Jeremias 41 a 43.
Nabucodonosor já havia levado cativo quase todo o reino, ficando para trás apenas uma meia duzia de 4 ou 5. Até o rei já havia sido subjulgado. Não havia esperança.
Mas quem sabe?...
Os líderes do exército dos que ficaram para trás decidiram que precisavam ouvir Deus, então procuraram o profeta Jeremias e disseram: “Por favor, ouça a nossa petição e ore ao SENHOR, ao seu Deus, por nós e em favor de todo este remanescente; pois, como você vê, embora fôssemos muitos, agora só restam poucos de nós. Ore rogando ao SENHOR, ao seu Deus, que nos diga para onde devemos ir e o que devemos fazer”. (Jr. 44. 2-3)
Jeremias consulta ao Senhor e Ele manda-os permanecer em Jerusalém.
O que você faria diante de uma ordem dessas?
O exército de Nabucodonosor poderia voltar a qualquer segundo. Todos já haviam sido mortos ou exilados. Eles seriam os próximos!... Vamos para o Egito! Afinal, Nabucodonosor não será abusado o suficiente para invadir o Egito, e se for, não vencerá. Certo? Errado!
Pois é... por mais absurdas que sejam as ordens de Deus, elas são certas, precisas. A ordem de ficar em Jerusalém era absurda, não fazia sentido: era arriscado! Mas foi Deus quem a deu, então precisa ser cumprida, não importa.
Na verdade, a maioria das ordens de Deus não faz sentido algum quando são dadas. Por exemplo: Abraão largou tudo para ir para um lugar onde nem sabia onde era. Adão não podia comer do fruto de uma árvore que estava no meio do seu quintal. Oséias teve que casar com uma prostituta. Ezequiel fez diversas coisas bastante bizarras.
É em horas como essa que penso que deve haver algum sentido seguro, concreto e firme que justifique a ida a um Projeto missionário em que não haverá evangelismo.