quinta-feira, 31 de março de 2022

A cura pela dança

 Sempre gostei de arte. Todo tipo de arte. Música, dança, pintura, poesia, escultura... Nunca tive talento para nenhuma, o que não me impediu de me deliciar diante da arte e usufruir dela.

A poesia, certamente, é a mais próxima de mim. Adoro dizer que ganho a vida recitando poesia para adolescentes (como se o trabalho do professor de literatura se limitasse a isso rs). 

Entretanto, no processo de cura e restauração da saúde e do corpo, não foi a poesia que me levantou. Foi a dança que me acompanhou. 

De agosto de 2020 a janeiro de 2022, vivi todo tipo de fragilidade, falta de força e impotência possível. No primeiro carnaval da pandemia e ainda me tratando de tuberculose, eu tive que dar aula na sexta-feira de carnaval a caráter (de algum jeito).

O desejo de dançar, de pular carnaval me impelia a fingir que era possível, ao me conformar que não dava. 2021 seria um carnaval recluso, obrigatoriamente recluso.



O carnaval de 2021 me fez lembrar dos sambas-enredo do ano anterior. Eu sabia quase todos do grupo especial e tinha um preferido, que virou videozinho com dancinha no pole.




A dança se tornou muito importante porque um dos sintomas / efeitos colaterais mais intensos foi a rigidez. Eu acordava totalmente rígida, com uma enorme dificuldade de movimentar pernas e braços. Por vezes, ao anoitecer, sentia a mesma coisa. Não conseguia ajoelhar ou agachar. Fiquei com muitas limitações de movimentos.

Tive diversos inchaços nas mãos, nos cotovelos e nos pés. Ainda aparece um calombo na minha coluna de vez em quando...

 Dançar é o contrário disso.

Aprendi com uma pole friend que vc só precisar sentir a música e se soltar. A dança foi um remédio. A cada melhora, ainda que mínima, eu dançava. Eu gravava um vídeo no pole com uma coreô improvisada, postava em busca de biscoito rsrs.

Depois do agravamento da anemia, em dezembro de 2021, qualquer movimento se tornou muito difícil, eu vivia cansada. Não levantava para nada. Até o dia 10 de janeiro, dia que eu considero o ponto de virada no meu tratamento. 

No carnaval de 2022, eu voltei a dançar. E foi em uma roda de samba lotada, com música ao vivo, com bateria da Mangueira. Eu saí rouca, suada e realizada! 

Foi depois desse dia que percebi que eu podia voltar a fazer de tudo. Sim, estou sendo cautelosa, mas estou fazendo um pouco de cada coisa. Natação. Musculação. Maracatu. Quero abraçar o mundo inteiro com as pernas! 

E tudo começou com a dança. Com o samba!





Nenhum comentário:

Postar um comentário

É um prazer saber a sua opinião. Melhor ainda quando você se identifica!
Use a opção "Comentar como" e identifique-se.