sábado, 29 de setembro de 2007

Em tratamento

Há muitas coisas no percurso da vida cristã interessantes, uma delas é que a vida cristã é uma trajetória que não tem fim. Ela começa, mas ela só termina (se é que termina, talvez culmina) no céu.
Por isso é interessante pensar na vida cristã como meu tratamento de rinite. Pode parecer engraçado, mas é bastante parecido.
Meu médico disse que tenho que manter o tratamento indefinidamente, preciso usar um remédio spray no nariz duas vezes ao dia. Para lembrar de usar o remédio, já pus alarme no celular, espalhei bilhetinhos pela casa, levei o remédio para o trabalho etc. Ainda assim, há vezes em que esqueço de usá-lo.
Sem remédio, eu acordo cheia de coriza, espirrando intensamente, tenho as piores reações alérgicas, preciso ter lenços de papel à mão durante todo o dia.
Quando estou usando o remédio, sem regularidade, espirro um pouco, às vezes há um pouco de coriza, mas dá pra viver.
Nas épocas em que me torno uma paciente exemplar e uso o remédio corretamente, nos horários certos, até me esqueço que tenho rinite.
A vida cristã é como o meu tratamento: se há observância da prescrição, não há problemas, parece que não somos doentes. Importante: o remédio é de uso contínuo.
O remédio diário contra a rinite espiritual é o diálogo com Deus. É necessário buscá-lo sinceramente, estar disposto a ouvi-lo falar pela Palavra.
Ler a Bíblia e orar apenas para cumprir uma obrigação diária é como usar mal o remédio: evita maiores transtornos, mas não resolve o problema.
Vale lembrar que não usar o remédio não é uma opção...
Falar disso me lembra um texto que Paulo escreveu aos Filipenses: "Escrever-lhes de novo as mesmas coisas não é cansativo para mim e é uma segurança para vocês" (Fil 3.1NVI)

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Paciência e Poder


"O SENHOR é muito paciente, mas o seu poder é imenso"
(Naum 1.3a)

Estava estudando a Bíblia, quando me deparei com esse texto: "O SENHOR é muito paciente, mas o seu poder é imenso" (Naum 1.3). Na minha mania insuportável de analisar gramaticalmente o texto bíblico, fiquei me perguntando que oposição há entre ser "paciente" e "poderoso". Será que uma pessoa poderosa é impaciente? Por que existe esse "mas"? Que "adversidade" justifica isso?
Imaginei o seguinte: a contrução de uma casa. Geralmente, quem é poderoso, também é rico (poder e dinheiro vivem ligados...). Uma pessoa que não é poderosa vai contratar um pedreiro, vai comprar aos poucos os materiais de construção, vai implorar ao lojista para que a entrega não atrase para não pagar ao pedreiro os dias não trabalhados etc.
Uma pessoa poderosa poderia simplesmente contratar uma empreitera, dar um prazo de 5 dias e só!
Eu imagino Deus podendo contratar a empreiteira e preferindo chamar um pedreiro. Poderoso, mas paciente.
A casa a ser contruída é a obra que ele tem a fazer. O pedreiro somos nós. Ele prefere nos convencer a fazer o que Ele deseja, trabalhar no ritmo que Ele quer, para que no fim sejamos aperfeiçoados; ou melhor, para que sejamos perfeitos, como perfeito é nosso Pai celeste.
Ele é poderoso para nos transformar nas pessoas que Ele quer que sejamos em segundos, mas prefere ser paciente e esperar que "tomemos jeito".

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Trapo Imundo


"Todos os nossos atos de justiça são como trapo imundo"

(Isaías 64.6)


É tão estranho o senso de "justiça" que temos. Estamos prontos para julgar e condenar a qualquer um que nos faça mal, que aja em desacordo com os nossos "perfeitos" padrões de conduta, ou que simplesmente não seja como um de nós, ou seja, seja diferente.


Entretanto, não percebemos que não somos alvo da justiça de Deus, mas da sua misericórdia. Deus não é justo conosco, é misericordioso, é gracioso...


Se Deus fosse justo conosco, teríamos que observar os Seus padrões, ou seja, obedecer a TODOS os seus mandamento e não apenas alguns, a inobservância de apenas um dos mandamentos seria uma quebra dos padrões de Deus, isto é, seria suficiente para a condenação. Apenas um erro seria suficiente para nos mandar para o inferno.


Contudo, Deus não é justo conosco, Ele é misericordioso! Ele nos perdoa e nos recebe, mesmo que sempre falhemos nas mesmas coisas.


Nosso senso de justiça não é justo, é como um trapo imundo diante da justiça de Deus. Não recebemos os pecadores como fazia Jesus. Não perdoamos a quem nos entristece como Deus faz conosco. Não somos graciosos como Jesus, nem misericordiosos como Deus.

sábado, 1 de setembro de 2007

Poética ou patética

Indignada com o que ando ouvindo, vendo e assustando-me, criei uma paródia do poema "Poética", de Manuel Bandeira.


Estou farta do cristianismo farisaico
do cristianismo legalista
do cristianismo vaca-de-presépio, que concorda cegamente com o [que pastor diz.
Estou farta do cristianismo que pára, julga e mede o comprimento da [saia da irmã.

Abaixo os hipócritas
Todos os rituais sobretudo os de tradição
Todas as reuniões sobretudo as disciplinares.
Todos os moveres proféticos.
Estou farta do cristianismo moderado
mediocrite
koinonite
teimosite
De todo cristianismo que põe de lado a divina graça, que dá perdão.
De resto não é cristianismo.
Será lista de afazeres ou tentativa humana de alcançar a salvação.
Quero antes o cristianismo puro e simples
o cristianismo dos pecadores
o cristianismo dos doentes
o cristianismo dos maltrapilhos de Deus

- Não quero mais saber do cristianismo que não seja libertação.