terça-feira, 27 de novembro de 2007

Por quê?

Uma jovem, recém casada, cristã fervorosa, ativa em sua igreja, atuante na sociedade, querida pelos vizinhos, amada por seu esposo, engravidou pela primeira vez. Depois de meses tentando, enfim eles teriam um filho. A gravidez foi tranqüila. No quinto mês, descobriram que era um menino. A família estava completa.
Mas, infelizmente, no nono mês, na quadragésima semana, houve um problema... O bebê nasceu, mas não resistiu e foi para os braços do Pai.
Ninguém esperava por isso. Quem poderia imaginar. Nada durante a gravidez apontava para esse fim. O quarto estava montado. O chá-de-bebê havia sido feito. Todos esperavam pelo bebê, mas Deus o levou. Por quê?
Essa história pode ser fictícia ou real, mas a pergunta é freqüente para a maioria das pessoas: por quê? Por que comigo? Por que não passei? Por que não consegui? Por que ele teve que morrer? Por que nasci? Por quê?
Acredito que eu já tenha perguntado milhões de vezes "por que comigo?" Só muito tempo depois que eu entendi algum propósito, mesmo que estranho, para aquele fato. Tentamos insistentemente encontrar uma justificativa imediata para entendermos os fatos estranhos e sem razão que acontecem conosco.
Aprendi a duras penas que em tudo há um propósito e que vale a pena passar pelo que for sem perguntar o porquê.
"Pois em parte conhecemos e em parte profetizamos [...] Agora, pois, vemos apenas um reflexo obscuro, como em espelho; mas, então, veremos face a face."
(1 Coríntios 13. 9,12)

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Lendo e relendo

Terminei de ler, recentemente, o livro A Bíblia que Jesus lia, de Philip Yancey. Nessa obra, Yancey fala da dificuldade de ler o antigo testamento e da atualidade que a "Bíblia" de Jesus, dos apóstolos e da igreja primitiva nos apresenta.
O Antigo testamento tem um grande defeito: é excessivamente repetitivo. Em quase todos os livros há a convocação do povo a se voltar para Deus, para buscar a sua face, obedecer a seus estatutos. De vez em quando, aparece alguém repetindo tudo o que Deus fez pelo povo. O leitor desavisado pode achar que está lendo a mesma página.
Certamente, existirão os leitores que, como eu, acham que Eclesiastes não deve ser lido por pessoas deprimidas ou depressivas, pois pode causar suicídio; ou que não entendem o que Sansão faz ao lado de Débora e Gideão. Sempre me pergunto como um rei como Davi permitiu que registrassem seus deslizes...
Entretanto, pela fé, creio que foi Deus quem escolheu cada fato relatado no Antigo testamento, por mais estranho que pareça...
Por outro lado, o Antigo testamento é realmente atual. Assuntos como desobediência, pecado, depressão, estresse são muito freqüentes em nossas vidas e na vida de nossas igrejas. E aí, não parece que é repetição, que é difícil, estranho ou desnecessário, parece que foi escrito ontem para cada um de nós.
Depois que se vence a barreira da linguagem, parece uma carta dirigida a nós.
As repetições são necessárias, porque nos esquecemos freqüentemente do que dissemos, do que Deus nos disse, das verdades eternas, daquilo que não muda...
Os maus exemplos são importantes, porque vemos como Deus pode restaurar uma pessoa, como podemos cair no mesmo erro, como Deus fica triste e que Deus sabe que somos falhos.
Histórias esquisitas são também importantes, ainda não achei nunhuma aplicação prática para elas, mas deve haver, certamente...
Relendo o Antigo testamento, tenho me visto nas atitudes desobedientes e rebeldes do povo; nos momentos de desafio e depressão de Elias; de ser pecadora e referência como Davi; de achar que a vida não tem sentido algum e construir algo grandioso como Salomão.
Ler e reler o Antigo testamento pode ser uma grande aventura.

domingo, 4 de novembro de 2007

Horcruxes e vida eterna

Conclui a leitura de Harry Potter e o enigma do príncipe, de J.K. Rowling, (título original Harry Potter and the Half-Blood Prince). Percebi que a narrativa possui diversos pontos de contato com a Bíblia e gostaria de, hoje, falar de um deles.

O sexto e penúltimo livro da série inicia a conclusão da aventura do bruxinho Harry Potter e sua estada na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Rowling é bastante feliz neste livro, pois dá boas mostras da conclusão da série, a principal revelação é acerca de horcruxes. Horcruxes são objetos em que estão depositadas partes da alma de um bruxo, para que, assim, ele não morra, mas tenha vida eterna.

Harry descobre que Voldemort utilizou-se de horcruxes para continuar vivo; por isso, ele é desfigurado, pois partiu sua alma. Ao descobrir isso, Harry questiona seu mestre, Alvo Dumbledore, “por que ele não usou o elixir da vida, gerado através da Pedra Filosofal?” A que seu mestre respondeu: “Ele não queria ter uma vida dependente”. Essa frase me fez lembrar das palavras de Jesus: “Eu sou a videira; vocês são os ramos. Se alguém permanecer em mim e eu nele, esse dará muito fruto; pois sem mim vocês não podem fazer coisa alguma” (João 15.5 NVI).

Nós, na verdade, somos parte, não somos inteiros; por isso não podemos viver independentemente. E mais, a vida eterna só é possível se vivida na dependência de Cristo, qualquer tipo de tentativa de vida eterna independente resulta em sobrevida, ou melhor, subvida, como a vida de Voldemort. Ele queria viver eternamente através de seus próprios esforços.

A lógica de Deus é contraditória. Quando o obedecemos, Ele não nos trata como servos, mas como amigos. Quando nos humilhamos, somos exaltados. Quando oferecemos nossa vida, Ele nos surpreende nos dando Sua própria vida.

“Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá,
mas quem perder a sua vida por minha causa, a encontrará”
(Mateus 16.25 NVI).