Eu já escrevi, em outros tempos, sobre o meu medo da publicidade, aquilo que se torna público, que sai da instância do privado, do indivídual e ganha status de plural, pertencente a todos. Essa história de vida privada pública não é pra mim. Nunca conseguiria conviver com a fama.
Não é uma crítica direta ao Big Brother Brasil, A Fazenda, Revista Caras, Tititi ou qualquer veículo análogo. Minha ideia hoje é pensar na mudança de postura da sociedade informatizada e tecnológica.
Twitter, Facebook, Orkut e outros portais afins nos incentivam a "publicar" nossas vidas. Há ali preferências, profissão, músicas, bairros que frequentamos, cidades que visitamos, fotos íntimas e uma série de outras coisas que, 20 anos atrás, era assunto para um grupo pequeno de uns 10 amigos e parentes próximos...
Minha cabecinha de teoria da conspiração, leitora de Left Behind, aficcionada por escatologia me leva a pensar que existe uma força maior, talvez uma mente maligna que está formatando as pessoas para agirem assim. Para que todo mundo ache normal ter a vida pública, não ter privacidade.
George Orwell, no livro 1984, "previu" uma sociedade que era vigiada todo o tempo por um aparelho eletrônico que permitia ao "Grande Irmão" saber de tudo o que se passava no mundo. Todo o mundo estava sob um governo autoritário que escondia da população a realidade da guerra, da tortura e da fome.
Na China, a fim de acirrar a vigilância sobre qualquer reação contrária ao governo, foi disseminada a cultura da "invasão". É comum para um chinês ter que responder perguntas consideradas íntimas (salário, sexualidade, instrução) desde a primeira conversa.
Pois é... acho que estamos diante de algo assim: uma nova ordem mundial, o governo do anti-cristo, ou qualquer coisa semelhante que está cultivando uma espécie de "cultura da publicidade". Tudo o que eu faço, digo ou penso, imediatamente, ganha status de público através da internet.
Fiz um bolo. Eu escrevo no facebook sobre o bolo. Meus amigos leem sobre o bolo. Eu coloco uma foto do bolo. Meus amigos pedem um pedaço do bolo. E sei lá mais quem também lê isso e descobre que eu faço bolo, se fica gostoso ou não, quais são meus amigos que gostam de bolo e por aí vai...
Imagine a foto do seu filho indo para a natação, sua mãe indo pra academia, seu pai no futebol com os amigos. O que se pode fazer de posse desse tipo de informação?
Não duvido de que estejamos sendo "adestrados" para publicar nossas vidas.
Há quem filme o desepero de uma criança porque matou um passarinho e poste isso na internet. Há quem registre duas pessoas tendo relações sexuais e publique no youtube.
Não duvido que cheguemos a um tempo em que seja todo mundo ache normal ter câmeras em todos os cômodos da casa e não se tenha mais privacidade, nem pra fazer as necessidades fisiológicas...
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