sábado, 22 de dezembro de 2007

Decisão de aniversário

Alguns povos africanos consideram que é uma fixação estúpida essa que os "brancos"(leia-se "todos os povos ocidentais") têm de medir o tempo de vida em anos.
Numa tentativa de ironizar esse pensamento, o escritor Abdulai Sila descreve, no romance A última tragédia, o pensamento de uma mocinha que não compreendia por que sua patroa queria descobrir a idade dela. Ela diz em seu pensamento que se nasce, se é criança, quando chega o tempo de casar, se casa; quando chega o tempo de ter filhos, se os tem; e quando chega o tempo de envelhecer e morrer, isso acontece. Simples não é?
Talvez a vida fosse mais simples se não contassemos o tempo.
Mario Quintana, por sua vez, diz que "Bendito quem inventou o belo truque do calendário, pois o bom da segunda-feira, do dia 1º do mês e de cada ano novo é que nos dão a impressão de que a vida não continua, mas apenas recomeça..."
Entre duas noções tão distintas, percebi que é extremamente difícil mudar o arraigado pensamento do recomeço. Então, fiz uma resolução de aniversário:
Estou fazendo 18 anos pela segunda vez!
Eu não me sinto com a minha idade verdadeira, aliás, o que é uma "idade verdadeira"? Será que é a que temos na mente, na alma, no corpo ou nos documentos? Será que é a que o espelho nos oferece?
Querer fazer 18 anos novamente não tem nada a ver com uma suposta síndrome de Peter Pan, não é medo de crescer (acho que encaro a vida adulta muito bem); mas, quem sabe, seja o desejo de reviver algumas situações com a mente de quem já viveu alguns anos a mais, para, talvez, fazer as escolhas certas, desfrutar um pouco mais, ter mais cuidado com as pessoas e menos cuidado com as coisas. Sei lá...
Seria legal ter de novo a sensação angustiante de pensar que a vida termina aos 20, que uma semana é uma eternidade e que esperar é uma tarefa completamente impossível.
Que saudade! Era tão bom!
Neste aniversário, em que estive desanimada demais para comemorar, meu único desejo é o mesmo de Moisés, que, no fim da vida, escreveu:
"Ensina-nos a contar os nossos dias de maneira tal que alcancemos corações sábios"
(Salmo 90. 12)

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